Uma
cena hoje me chamou a atenção: estava eu subindo a rua em que trabalho, voltando
do almoço, e passaram correndo por mim alguns camelôs, fugindo do rapa. Normal
para a região, bairro da Luz, arredores da 25 de Março.
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Não, não é uma Micareta.
É o dia a dia na 25. |
Eram
três ambulantes: o primeiro com um tabuleiro de morangos, os outros com
tabuleiros de frutas. Pedaços de melancia e abacaxi fresquinhos. Caminhei mais
um pouco e vi outro, que foi pego e teve sua mercadoria apreendida. Vendia
coco. Num dia de calor paulistano, uma aguinha de coco é muito bem vinda.
Todo
mundo, e por que não dizer todo “o mundo”, sabe que a região da 25 de Março é o
paraíso das compras. Muita mercadoria barata e de todo o tipo. E todo mundo
sabe que toda aquela oferta é barata porque é contrabandeada, e muita coisa é falsificada.
Tudo ilegal, sem carga tributária, sem direitos autorais, sem direitos de
marca, sem direito nenhum. E por que não dizer que esse é o “sonho neoliberal”,
já que não existe a intervenção do Estado naquela zona e ninguém precisa
justificar nada a ninguém? Aliás, existe sim a presença do Estado: apreendendo mercadorias de camelôs que ficam espalhados pelas calçadas.
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Lego falsificado |
Apesar
da prisão do “empresário” Law Kin Chong, dono da lendária Galeria Pagé, a ilegalidade
continua e aumenta cada vez mais. A quantidade de estrangeiros naquele comercio,
a maioria de chineses, também é impressionante. Um colega meu de trabalho viu
um anúncio curioso por lá: “Precisa-se de Bolivianos”, dizia uma placa; ou
seja: precisa-se de gente que trabalhe muito, não fale nada e que aceite ganhar
esmola. Coisas de potência econômica emergente: se não tem IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano), então que tenha mão-de-obra semiescrava, para valer
alguma coisa.
Voltando
a cena que vi, se você parar para analisar, os camelôs que fugiram do rapa (os agentes
do Estado), e tiveram seus tabuleiros apreendidos, eram brasileiros vendendo
frutas, produtos verdadeiramente naturais que, obviamente, não eram
falsificados; ou será que é possível falsificar um coco? Eles também não pagam nenhum
tipo de imposto, mas suas ofertas mirradas não atrapalham em nada o comercio
local (que em sua maioria é ilegal). O que justifica apreenderem as frutas que
os camelôs vendiam enquanto todo o resto daquela ilegalidade acontecia sem nenhum
problema, como se fosse a coisa mais natural do mundo? A única resposta que
tenho é que muita gente GRANDE ganha MUITO dinheiro com isso.
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Fruta original? Não, isso não pode! |
Brasileiro
vender frutas na rua deveria ser a atividade mais natural do mundo, mas não, na
região central, ser estrangeiro e vender contrabando é que é corriqueiro, comum.
Ver
brasileiros tendo suas mercadorias presas enquanto estrangeiros vendem produtos
ilegais numa boa, de certa forma protegidos pelo Estado, é para ficar indignado.
Não sou xenófobo, não tenho nada contra estrangeiro algum, mas também não acredito
num mundinho Imagine, do John Lennon.
O
curioso é que 25 de março é dia de São Dimas, conhecido na tradição católica
como o “bom ladrão”, um criminoso que se arrependeu de seus feitos maus e que
passou a converter outros contraventores.
Para
converter a 25 de Março, com certeza, São Dimas precisará de um batalhão de
santos para conseguir (se é que é possível convertê-los).
A
ilegalidade propagada via internet: