06/07/2014

O futebol força e a ascensão do “perna de pau”


Gosto de futebol. Sou santista, mas sempre procuro assistir os jogos de meios e finais de semana, independente de quem jogue. E é notório que ultimamente os jogos dos campeonatos realizados no Brasil, seja ele qual for, estão duros... De se ver.

Com a saída em peso dos nossos craques para o estrangeiro, o nível técnico dos campeonatos caiu consideravelmente, descambou ladeira abaixo, para ser mais direto. Hoje nos contentamos com poucos craques que, depois de rodarem o mundo, voltam ao futebol brasileiro para encerrarem suas carreias, nos braços de alguma torcida.

O futebol tem muitos chavões que eu acredito que colaborem para essa entressafra técnica por qual passamos (e não tem previsão de acabar): coisas do tipo “bola pro mato que o jogo é de campeonato”, “ombro a ombro não é falta” e, o pior deles, “o futebol é um esporte de contato”, o que é uma lastima de se repetir e acreditar.
Esportes como o Rugby ou o futebol americano sim, esses são jogos de contato. Mesmo sendo esportes aparentemente “violentos”, o contato é regrado e existe a falta durante o jogo. Nem todo contato é permitido.

Malde pouca é bobagem!
Fazendo um paralelo entre esportes, o basquete é bem interessante: cinco jogadores gigantescos de cada lado e só o fato de um encostar a mão no braço do adversário, já é considerado falta. Caso a equipe faça mais de quatro faltas, terá como penalidade um lance livre da equipe adversária. Caso um jogador faça cinco faltas individuais, está fora do jogo! Ou seja, a falta é rigorosa e beneficia o espetáculo, ao contrário do futebol, que é utilizada como arma de defesa, principalmente pelos times e jogadores menos técnicos.

Claro que no basquete há o contato corporal, choques feios até, pois não há como dez atletas enormes correm para todos os lados dentro de uma quadra relativamente pequena sem se trombarem, mas esse contato físico não é entendido como uma espécie de sub-regra, como é no futebol.

Antes do começo da copa, no amistoso disputado entre Itália e Irlanda, o jogador italiano Montolivo quebrou a perna, após divida numa jogada com o adversário irlandês; ou seja, em jogo que não valia absolutamente nada, por conta de uma disputa, por conta da vontade acime de tudo, Montolivo vai ver a copa do sofá e com gesso na perna.

No último jogo da seleção brasileira, já pela copa do mundo, contra o time da Colômbia, todos ficaram chocados com a falta que o defensor colombiano Zunica fez no craque Neymar, que graças ao lance teve fratura vertebral e está fora do mundial. O jogador colombiano também teve outra entrada forte em lance anterior, em Neymar, e parou a jogada do atacante Hulk, solando seu joelho, o que no mínimo pareceu desleal. E nem cartão amarelo ele recebeu pelas consecutivas faltas!

Salto no vaco com joelhada
técnica do grande Sawamu!
Não dá para julgar se o defensor colombiano foi ou não desleal, mas dá para dizer que suas atitudes foram inconsequentes. As perguntas que eu acredito que caibam nesses episódios, e os casos citados merecem estes questionamentos, são: até que ponto a vontade de vencer legaliza faltas inconsequentes? Até que ponto ainda vale repetir que “o futebol é um esporte de contato”?

Acreditar que “o futebol é um esporte de contato” só favorece o “perna de pau”, o “cabeça de bagre”, favorece somente “o futebol força”, triste de se ver e pior ainda de se torcer. A técnica, que é o que tanto reclamamos que está desaparecendo, sofre por conta dessas crenças idiotas.

Hoje o “perna de pau” tem espaço no futebol graças a crenças como essas. O jogador técnico corre o risco de se lesionar por conta das pancadas que recebe e ainda ganhar a mesma fama que o craque Neymar: de cai-cai. E graças ao “futebol força”, graças à crença de que “o futebol é um esporte de contato”, fim de copa para uns dos melhores jogadores do mundial.

Espero que depois desse fatídico episódio, passemos a questionar até que ponto vale crer que “o futebol é um esporte de contato”. A dupla “perna de pau” e “cabeça de bagre”, que é o que mais existe no futebol atual, torce para que essa ideia nunca seja questionada. Já está na hora de mandar essa dupla, no mínimo, para o banco.


Que o craque se recupere. Que o Brasil seja o campeão!