08/07/2014
06/07/2014
O futebol força e a ascensão do “perna de pau”
Gosto de
futebol. Sou santista, mas sempre procuro assistir os jogos de meios e finais
de semana, independente de quem jogue. E é notório que ultimamente os jogos dos
campeonatos realizados no Brasil, seja ele qual for, estão duros... De se ver.
Com a saída
em peso dos nossos craques para o estrangeiro, o nível técnico dos campeonatos caiu
consideravelmente, descambou ladeira abaixo, para ser mais direto. Hoje nos
contentamos com poucos craques que, depois de rodarem o mundo, voltam ao
futebol brasileiro para encerrarem suas carreias, nos braços de alguma torcida.
O futebol
tem muitos chavões que eu acredito que colaborem para essa entressafra técnica
por qual passamos (e não tem previsão de acabar): coisas do tipo “bola pro mato
que o jogo é de campeonato”, “ombro a ombro não é falta” e, o pior deles, “o futebol
é um esporte de contato”, o que é uma lastima de se repetir e acreditar.
Esportes
como o Rugby ou o futebol americano sim, esses são jogos de contato. Mesmo
sendo esportes aparentemente “violentos”, o contato é regrado e existe a falta
durante o jogo. Nem todo contato é permitido.
Malde pouca é bobagem! |
Fazendo um
paralelo entre esportes, o basquete é bem interessante: cinco jogadores
gigantescos de cada lado e só o fato de um encostar a mão no braço do
adversário, já é considerado falta. Caso a equipe faça mais de quatro faltas,
terá como penalidade um lance livre da equipe adversária. Caso um jogador faça
cinco faltas individuais, está fora do jogo! Ou seja, a falta é rigorosa e
beneficia o espetáculo, ao contrário do futebol, que é utilizada como arma de
defesa, principalmente pelos times e jogadores menos técnicos.
Claro que
no basquete há o contato corporal, choques feios até, pois não há como dez
atletas enormes correm para todos os lados dentro de uma quadra relativamente
pequena sem se trombarem, mas esse contato físico não é entendido como uma
espécie de sub-regra, como é no futebol.
Antes do
começo da copa, no amistoso disputado entre Itália e Irlanda, o jogador italiano
Montolivo quebrou a perna, após divida numa jogada com o adversário irlandês;
ou seja, em jogo que não valia absolutamente nada, por conta de uma disputa,
por conta da vontade acime de tudo, Montolivo vai ver a copa do sofá e com
gesso na perna.
No último
jogo da seleção brasileira, já pela copa do mundo, contra o time da Colômbia,
todos ficaram chocados com a falta que o defensor colombiano Zunica fez no
craque Neymar, que graças ao lance teve fratura vertebral e está fora do
mundial. O jogador colombiano também teve outra entrada forte em lance
anterior, em Neymar, e parou a jogada do atacante Hulk, solando seu joelho, o
que no mínimo pareceu desleal. E nem cartão amarelo ele recebeu pelas
consecutivas faltas!
Salto no vaco com joelhada técnica do grande Sawamu! |
Não dá para
julgar se o defensor colombiano foi ou não desleal, mas dá para dizer que suas
atitudes foram inconsequentes. As perguntas que eu acredito que caibam nesses episódios,
e os casos citados merecem estes questionamentos, são: até que ponto a vontade
de vencer legaliza faltas inconsequentes? Até que ponto ainda vale repetir que “o
futebol é um esporte de contato”?
Acreditar
que “o futebol é um esporte de contato” só favorece o “perna de pau”, o “cabeça
de bagre”, favorece somente “o futebol força”, triste de se ver e pior ainda de
se torcer. A técnica, que é o que tanto reclamamos que está desaparecendo,
sofre por conta dessas crenças idiotas.
Hoje o “perna
de pau” tem espaço no futebol graças a crenças como essas. O jogador técnico
corre o risco de se lesionar por conta das pancadas que recebe e ainda ganhar a
mesma fama que o craque Neymar: de cai-cai. E graças ao “futebol força”, graças
à crença de que “o futebol é um esporte de contato”, fim de copa para uns dos
melhores jogadores do mundial.
Espero que
depois desse fatídico episódio, passemos a questionar até que ponto vale crer
que “o futebol é um esporte de contato”. A dupla “perna de pau” e “cabeça de
bagre”, que é o que mais existe no futebol atual, torce para que essa ideia
nunca seja questionada. Já está na hora de mandar essa dupla, no mínimo, para o
banco.
Que o
craque se recupere. Que o Brasil seja o campeão!
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