26/02/2015

Black SP


algo irá acontecer
na cidade intensidade
o céu ficará negro
e o dia irá escurecer

a água irá cair
as ruas irão encher
a noite será escura
não haverá amanhecer

a torneira irá secar
só sobrará o Tietê
o trânsito irá parar
não haverá pra onde correr

o estresse se espalhará
e atingirá você
seu coração explodirá
e você irá morrer

no meio da multidão
ninguém irá querer saber
de mais um corpo pelo chão
atrapalhando o entardecer

você irá apodrecer
a enxurrada o levará
ratos irão te roer
não há nada o que fazer


porque aqui é a Black SP!



foto: Tati Mendes - região do centro de SP

21/02/2015

Esquina digital


Muita gente fala que a Internet está distanciando as pessoas, que as relações tornaram-se frias com o advento da era digital e coisas do gênero, o que discordo completamente. Se a pessoa não quer te ver, ela não quer te ver e ponto final. Fazer contato hoje é muito fácil, quem não quer fazer é porque não está afim mesmo. Não é a internet que provoca esse distanciamento. Na verdade não sei o que seria da amizade sem as redes digitais, que se proliferam cada vez mais. Parece contraditória minha opinião com o consenso geral sobre internet, mas você que está lendo esse texto, logo vai entender onde quero chegar e o porquê da minha posição.

Minha infância foi igual à de qualquer criança de periferia (na década de 1980), foi brincada na rua, com um monte de outras, que faziam parte da mesma vizinhança ou do colégio. A amizade era formada a partir de um território geográfico habitado em comum. Acabava a aula, íamos para nossas casas guardar o material escolar e correr para a rua, todo dia era assim até o fim do dia.

A adolescência (ou pré) deu as caras e ao invés de nos juntarmos para brincar, ficávamos na esquina dessa mesma rua que nos serviu de playground, conversando sobre tudo quanto é coisa que nosso pouco conhecimento permitia e nossa limitação territorial alcançava. E outras turmas de jovens se formavam em outras esquinas e assim por diante. Existia até certa rivalidade entre alguns grupos, o que acredito ser normal para a idade. Juventude sem rebeldia não é juventude.

Com a idade avançando, a responsabilidade chega junto: aos quatorze anos saíamos para procurar emprego (a lei ainda não proibia), o que alterou totalmente nossa rotina de amizade: passávamos a nos encontrar só anoite no colégio e a esquina ficava para os finais de semana. Quando nos reuníamos, cada um contava sua nova experiência, sua expectativa e sobre as novas amizades. Durante um bom tempo a esquina foi nosso ponto de encontro, nossa sala de bate papo.

E o tempo passou, entramos em faculdade, outro emprego, cursos extras e nesse entra e saí de instituições, novas amizades são feitas, porém sem tanta substância, pois o único ponto de união entre as pessoas é a instituição. E o desligamento de determinada instituição, implicava também em deixar para trás muitos colegas. Adicionar em rede social, isso ainda nem imaginávamos que pudesse um dia existir.

Uma das instituições por qual passei e formei muitos amigos foi o Exército. Como todo jovem a beira dos dezoito anos, eu não queria servir à pátria, mas... Serviço Militar Obrigatório, isso já explica o meu ingresso na vida militar. Foram exatos um ano um mês e dez dias de vida de soldado, nem preciso falar que muita coisa aconteceu e que conheci muita gente. Éramos cento e vinte na mesma companhia, havia quatro companhias diferentes, fazendo uma conta rápida, foram quase quinhentos jovens que ingressaram juntos, somados os que já estavam lá, que optaram por aquela vida... Aquela vida.

As baixas do exército são concedidas em três momentos diferentes: a primeira com oito meses de incorporação, a segunda com onze, a terceira e última com um pouco mais de doze, que foi a minha. Fiquei até o último dia, até o fim. Fui o chamado NB - Núcleo Base - (lembra daquela música do Ira!?). Lembro-me desse dia até hoje, um dos mais felizes da minha vida, sem dúvida.

Com o fim do serviço militar obrigatório, a maioria das amizades ganhou distância, outras até foram esquecidas. Nessa época (1995), Internet era coisa de mega-nerd que tinha acesso a computador. E ser mega-nerd não era pra qualquer um. O PC também era algo distante, de difícil acesso. Lembro que trabalhei numa empresa que só tinha um no departamento e só uma pessoa é que sabia mexer nele. Não era como hoje, que o PC virou um eletrodoméstico vendido em qualquer magazine, com prazos de pagamento a sumir de vista. A produção em larga escala e a neoescravidão dos trabalhadores em países asiáticos, barateou o PC e possibilitou seu acesso para quase todo mundo do mundo todo. Nesse contexto de proliferação tecnológica é que as redes sociais entram em campo e ganham grandes dimensões, adeptos e reformulou nossas relações interpessoais.

Como todo brasileiro que teve acesso à internet em meados dos anos 2000, ingressei no Orkut, rede social que virou febre e que recuperou muita coisa relativa à amizade, acredito eu. Era (e é) muito fácil: é só lembrar-se do nome da pessoa a ser encontrada e, caso ela também faça parte da rede, você irá encontra-la. E foi o que aconteceu. Confesso que no começo achava essas redes uma perda de tempo, uma bobagem total. Com certeza eu não havia entendido o poder de integração entre as pessoas que essas redes proporcionam. Em pouco tempo eu havia encontrado muita gente que fazia muito tempo que eu não tinha nenhum tipo de contato nem notícia. O pessoal que estudou comigo no colégio, gente de empresas que trabalhei, o pessoal do quartel... E através de um você chega a outro e a outro e a outro... De repente tanta gente que eu nem lembrava que existia mais, ressurgiu. A maioria do pessoal do quartel eu não via a pelo menos uns quinze anos. É muito tempo e gente para guardar só na memória.

Nesse reencontro digital, formamos uma comunidade no Orkut (Sim, servi a PE em 94) e começamos a nos falar. No começo juntamos vinte e cinco pessoas. Começamos a tentar localizar quem não estava no grupo, a trocar ideias, fotos e fatos esquecidos. O Orkut caiu de moda e entrou o Facebook em seu lugar. Todos migraram para a nova rede que crescia no país e começamos a encontrar mais e mais gente, no Brasil e fora dele.

No dia da última baixa, um parente de alguém levou uma câmera filmadora VHS, máquina e fita enormes, parecida com aquelas que as redes de televisão utilizam. Eis que transformaram a filmagem de VHS em arquivo AVI e isso foi distribuído entre nós. Foi emocionante rever esse dia, a formatura completa de desincorporação. Toda vez que vejo esse vídeo fico feliz novamente. Depois de convertido o vídeo em arquivo, ir parar no YouTube foi um pulo. A lembrança “upada” na rede, agora pode ser acessada e assistida por qualquer um a qualquer momento.

O novo grupo no Facebook recrutou mais gente e só faltava agora nos encontrarmos. Foi o que aconteceu: marcamos num sábado, num bar em que um do grupo trabalhava e em determinada tarde estávamos lá, dezesseis anos depois da baixa. Vou dizer algo totalmente clichê, mas foi como se um filme passasse na minha cabeça. As lembranças tomaram conta da tarde, do ambiente e muita coisa que estava esquecida veio à tona. Um lembrava de uma história e outro de outra, ficamos sabendo o que um faz hoje, o que fez, quem casou, quem não engordou, quem ficou careca, quem sumiu do mapa, quem morreu.

Esses encontros se multiplicaram e em cada novo encontro surge alguém novo e novas conversas. Foram tantas as histórias, as lembranças, que viraram um blog, onde qualquer um pode escrever e colaborar com a memória coletiva.

Neste ano de dois mil e quatorze faremos vinte anos de incorporação no 2º Batalhão de Polícia do Exército e vamos celebrar o acontecimento! Tenho certeza que se não fossem as redes sociais, nenhum desses reencontros teriam acontecido. Seriamos uma lembrança que seria acessada somente por poucas fotos, que passariam boa parte do tempo guardadas em alguma gaveta por aí.

Hoje qualquer novidade pode ser contada via rede e todos do grupo ficam sabendo. Os laços foram reatados, as pessoas reencontradas e essa nova esquina, esse novo ponto de encontro e troca de ideias, com toda certeza, vai prolongar muitas amizades por muito tempo.


O último fora de forma.

18/02/2015

Mirações de 0 a 10


Minha participação na "Mostra de Poesia Visual Brasileira da 1º Década do Séc. XXI".




Anagrama do Caos

07/02/2015

Revistinha


   Olha que fato interessante que acabou de ocorrer:

   Sigo, alias, seguia, a Revista Bula no Twitter (@RevistaBula) por acha-la interessante e coisa do tipo.

 Eles publicaram quase agora (07/02/2015, aproximadamente as 10:55hs) a imagem abaixo, feita por eles, e no post eles pediam: “discorram”, ou seja, deem suas opiniões, mas não está claro se é sobre o assunto ou a imagem; ou até um trocadilho: discorram = des corram = corram de volta... algo assim. Mas acredito que essa última interpretação seja mais viagem minha.





   Como gosto de comunicação, prefiro sempre ver o acontecimento da forma mais ampla possível; mandei minha opinião, em duas “tuitadas”, já que o espaço no TT é curto.

  Fiz minha “analise” com base em: como o escândalo está sendo noticiado, em que pé estão às investigações e na imagem em si.

   E escrevi o seguinte:

1 - “estilo "facebook", pontual e sem profundidade. e nesse momento em que está aparecendo os governos anteriores, acho dispensável.”

2 – “na política, quando se acusa um ladrão, se absolve o outro: se o esquema vem desde 1997, o #PSDB tá nessa tbm!”

   E o que a revista fez? ME BLOQUEOU! Estou impedido de “segui-los”

   Fala sério...

  Isso mostra como a imprensa é tendenciosa e apoia determinados grupos políticos. As investigações estão chegando à origem e isso envolve o PSDB e o ilustre FHC. Mas a imprensa insiste em determinar que o esquema de corrupção seja de 2003 para cá.

  Pergunto, quem ganha com isso? A corrupção tem que aparecer, doa a quem doer!

  E se a Revista Bula pediu opinião de forma aberta, numa rede social, por que não aceitam a minha opinião?

  E acho até engraçado: no que minha singela opinião vai resultar? Não vai nem gerar o mínimo de discussão, não vai acontecer nada.

  Sou um grão de areia no mar da Internet, mas a atitude da Revista Bula se mostrou bem menor do que eu.


  Lamentável!


sugiro que mudem de nome, para "Revista Burla"