23/04/2015

mar salvador


meus versos minhas rimas
perdidos pelas ruas da dor
espero banhá-los um dia
nas águas calmas cristalinas
do salvador mar de Salvador

e junto ao teu sorriso de menina
encontrar leve a minha sina
e descansar minha dor urbana
na cama, no seio do teu amor

e que o tempo que move a areia
com o doce sopro do vento
se cale, e pare nesse momento





boa tarde


que tua tarde seja linda
como és tu, oh minha musa
que toda a luz te conduza
pelos caminhos que tem ainda

e teu brilho que nunca finda
luz bela que revela
clareza de singela doçura
ilumine astros e estrelas
nas minhas noites mais escuras




(escute o poema cantado)




21/04/2015

bom dia passarinha


bom dia passarinha linda
que canta e encanta com alegria
maravilha de sonho alado
solta a voz e contagia
esse breve feriado

bate as asas e voa
até mim
pousa e repousa
no meu jardim



20/04/2015

o réu e o rei


bela aquisição
o livro que comprei
será que processado serei?
mais um no tribunal ambíguo
réu inimigo
do rei?



Araújo, Paulo Cesar. Roberto Carlos em detalhes.
Editora Planeta. 2006.  

colégios do paraíso


colégios no seio do paraíso
jardins juvenis floridos
com tudo que o diabo gosta
flores brancas com bicos rosa



07/04/2015

diálogos poéticos: o poeta enfermo e a musa enfermeira

(escrito a quatro mãos)

No seu leito de loucura noturna, o poeta sofre e diz à musa enfermeira:

nem tudo que reluz é ouro
mas ouro não me seduz

esses grandes olhos castanhos
raros e não estranhos
ao meu coração, fatal
sua luz que brilha, letal
é o mais precioso metal

essa sim, nobre maravilha
cristal que rebrilha, luz venal
pois nem tudo que é ouro reluz
nem tudo que é ouro conduz
a algo bom


- a musa enfermeira

poesia crônica aguda
não é fácil tratar
na gravidade de espasmos e mudanças no olhar
há até quem desista de cuidar...

mas veja bem, enfermo poético,
talvez eu, dessa doença, possa te curar.


- o poeta enfermo

mas e seu e não quiser ser curado
e sim perder as estribeiras
para ser eternamente tratado?

será que essa musa enfermeira
mesmo assim, vai me ajudar?


- a musa enfermeira

viver na eterna loucura
perder as estribeiras
depender da musa enfermeira
é algo que se deve querer?


- o poeta enfermo

é algo que se deve
porque senão como saber?

como diz o outro poeta
que também perdeu a estribeira
"que seja eterno enquanto dure"
o tratamento e a musa enfermeira


- a musa enfermeira

o tratamento e a musa enfermeira são duradouros
tem que ver se o mesmo pode se dizer do louco


- o poeta enfermo

louco não sabe que é louco
seu distúrbio é duradouro
e sua loucura é contagiosa
porque a enfermeira (que é mó gostosa)
demonstra que isso a afeta
pois também está virando poeta!


- a musa enfermeira

a enfermeira é quase poeta
e a loucura contagiosa
gostosa é por sua conta
e nossa conversa engenhosa


- o poeta enfermo

a enfermeira, agora poeta
é gostosa além da conta
porque não é qualquer uma que é engenhosa

pra conversar assim tem que ter talento
e isso ela tem de sobra
só não mostra, a enfermeira


- a musa enfermeira

você chama de talento
eu chamo de esforço
rimar pra te fazer graça
e te colocar um sorriso no rosto


... E o sorriso surgiu e a enfermidade se foi...




02/04/2015

diálogos poéticos entre o bolo e a cereja

(escrito a quatro mãos)


- o bolo

acima do doce
acima do sabor
acima da forma
acima do desejo
a cereja

sob ela o bolo que almeja
entre beijinhos e suspiros
fazer a festa


- a cereja

do elogio ao riso
da expressão ao livro
em noites de encanto
ele, o bolo
exagerado a princípio
cultivando na cereja
um vício


- o bolo

acho ela linda
ela me acha exagerado
sou bolo doce
sem ser melado

ela é a cereja
única do açucarado
mundo que construímos


- a cereja

do bolo o doce toque
na cereja o mel na boca
no traço da distância
o selar da intimidade

na explosão da cumplicidade
fica o afago da espera
e a certeza do querer