(escrito
a quatro mãos)
No
seu leito de loucura noturna, o poeta sofre e diz à musa enfermeira:
nem
tudo que reluz é ouro
mas
ouro não me seduz
esses
grandes olhos castanhos
raros
e não estranhos
ao
meu coração, fatal
sua
luz que brilha, letal
é
o mais precioso metal
essa
sim, nobre maravilha
cristal
que rebrilha, luz venal
pois
nem tudo que é ouro reluz
nem
tudo que é ouro conduz
a
algo bom
-
a musa enfermeira
poesia
crônica aguda
não
é fácil tratar
na
gravidade de espasmos e mudanças no olhar
há
até quem desista de cuidar...
mas
veja bem, enfermo poético,
talvez
eu, dessa doença, possa te curar.
-
o poeta enfermo
mas
e seu e não quiser ser curado
e
sim perder as estribeiras
para
ser eternamente tratado?
será
que essa musa enfermeira
mesmo
assim, vai me ajudar?
-
a musa enfermeira
viver
na eterna loucura
perder
as estribeiras
depender
da musa enfermeira
é
algo que se deve querer?
-
o poeta enfermo
é
algo que se deve
porque
senão como saber?
como
diz o outro poeta
que
também perdeu a estribeira
"que
seja eterno enquanto dure"
o
tratamento e a musa enfermeira
-
a musa enfermeira
o
tratamento e a musa enfermeira são duradouros
tem
que ver se o mesmo pode se dizer do louco
-
o poeta enfermo
louco
não sabe que é louco
seu
distúrbio é duradouro
e
sua loucura é contagiosa
porque
a enfermeira (que é mó gostosa)
demonstra
que isso a afeta
pois
também está virando poeta!
-
a musa enfermeira
a
enfermeira é quase poeta
e
a loucura contagiosa
gostosa
é por sua conta
e
nossa conversa engenhosa
-
o poeta enfermo
a
enfermeira, agora poeta
é
gostosa além da conta
porque
não é qualquer uma que é engenhosa
pra
conversar assim tem que ter talento
e
isso ela tem de sobra
só
não mostra, a enfermeira
-
a musa enfermeira
você
chama de talento
eu
chamo de esforço
rimar
pra te fazer graça
e
te colocar um sorriso no rosto
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