CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA ABANANADA
DOS
BRASILEIROS
PRELÚDIO
Eu, que não
represento o povo brasileiro, mas faço parte desse aglomerado vira-lata que se
formou no lado sul da América, me reuni comigo mesmo em Assembleia Pessoal Constituinte
para instituir um Estado Pseudodemocrático, destinado a assegurar o exercício
dos direitos sem deveres sociais e quase que totalmente individuais, como a
liberdade, a insegurança, a malandragem, a desigualdade, o oportunismo, a
canalhice, e essa justiça dissimulada, como valores supremos de uma sociedade analfabeto-funcional,
corporativista, demagoga, hipócrita, nepotista e com muitos preconceitos,
fundada na desarmonia social e descomprometida, na ordem interna e internacional,
promulgo então, sob a proteção de Deus, do Diabo, Maomé, Buda, Moisés, Exu,
Oxalá, Pagãos em geral, Maçons, Lutero, Augusto Comte, Einstein, Tim Tones, Pastor
João e a igreja invisível, Steve Jobs, Nike e adjacentes desses aqui
relacionados, a seguinte:
TÍTULO I
Dos princípios fundamentais sem
fundamento
Art. 1º A República Abananada dos Brasileiros,
formada pela união volátil dos Estados, Municípios e do Detrito Federal,
constitui-se em Estado Pseudodemocrático de Direitos sem deveres e tem como
fundamentos:
I
- A ocasião faz o ladrão;
II
– Achado não é roubado;
III
– É preciso levar vantagem em tudo, e sempre;
IV
– Aos amigos, tudo. Aos inimigos, a lei!;
V
– Meu filho tem problemas com drogas. O seu filho é um “nóia”, viciado e sem
conserto;
VI
– Se caiu no meu quintal, é meu!;
VII
– Na segunda-feira eu começo;
VIII
– Político é tudo ladrão;
IX
– Toda regra tem a sua exceção;
X
– Futebol, religião e política não se discutem;
XI
– O chamado fair play só é válido
quando meu time está sendo atacado. Caso contrário, vide parágrafo III;
XII
– Os erros dos árbitros durante as partidas (seja ela qual for), somente serão prejudiciais
quando me prejudicarem. Caso contrário, vide parágrafo III;
XIII
– Malandro é malandro e mané é mané.
XIV
– Quem não está do meu lado, está contra mim;
XV
– Se conselho fosse bom, não seria dado e sim vendido;
XVI
– Amigo de filho da puta é filho da puta também;
XVII
– Bandido bom é bandido morto;
XVIII
– Não existe racismo na República Abananada dos Brasileiros;
XIX
– O que não passa na televisão, não existe ou não aconteceu;
XX
– Com quem você pensa que está falando?;
XXI
– Eu conheço alguém que resolve isso;
XXII
– Quem é você para falar assim comigo?;
XXIII
– Quero falar com o gerente;
XXIV
- O cliente tem sempre razão;
XXV
– Os funcionários custam muito caro;
XXVI
– Temos uma das maiores cargas tributárias do mundo;
XXVII
– Deus não fez Adão e Ivo!;
XXVIII
– Meu filho é homossexual. “Viado” é o filho do vizinho;
XXIX
– A grama do vizinho é sempre mais verde;
XXX
– Estupra, mas não mata;
XXXI
– Com essa saia minúscula?! Tinha que ser estuprada mesmo;
XXXII
- Muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são;
XXXIII
– Bola para o mato que é jogo de campeonato;
XXXIV
– Vou estacionar na vaga do cadeirante, mas é só por 5 minutos;
XXXV
– Conheço aquele li que está no começo da fila, vamos lá;
XXXVI
– Poxa senhor, não tem jeito aí se eu te pagar um “cafezinho”?;
XXXVII
– Jogo lixo na rua mesmo, pois pago impostos para que a prefeitura mantenha
tudo limpo;
XXXVIII
– Se eu estivesse lá, também faria algum esquema, lógico!;
XXXIX
– O país só começa a funcionar depois do carnaval;
XL
– Os feriados é que prejudicam nossa economia;
XLI
– Tem que matar tudo!;
XLII
– Essa lei não “pegou”;
XLIII
– Sai um de cada vez. O garçom nem vai perceber;
XLIV
– Não tem esquema para entrar sem pagar?;
XLV
– Tem um amigo meu que arruma carteira de estudante;
XLVI
– Vou levar. Anota aí que depois eu te pago;
XLVII
– Me empresta? Depois eu devolvo;
XLVIII
– Assina a lista de chamada para mim hoje? Vou para o bar;
XLIX
– Cheguei atrasado porque o metrô quebrou;
L
– Aquele(a) era um(a) tremendo(a) safado(a)... Morreu?! Poxa, ele(a) era tão
bom(a)...;
LI
– Ei, psiu, qual é a resposta da 5?;
LII
– Esse cartão não passou? Tente esse aqui então...;
LIII
– Tenta um concurso público. Vai que você dá sorte e passa!;
LIV
– Filho passe por debaixo da catraca, se te perguntarem, diz que você tem 6
anos;
LV
– Não desmente a mãe (ou o pai) na frente dos outros. Isso é falta de educação;
LVI
– Eu não conto mentiras;
LVII
– É tudo maconheiro, esses aí;
LVIII
– Um dia ainda ganho na loteria (apesar de não jogar);
LIX
– Eu vim para somar, agregar valor à equipe e aprender muito;
LX
– Vai ralando na boquinha da garrafa;
LXI
– Ninguém é de ninguém;
LXII
– No flow é show, fechou, tocou Neymar é gol!;
LXIII
– Sem calcinha não paga a entrada;
LXIV
– Beber, cair e levantar;
LXV
– Cachorra, au au, gatinha, miau...;
LXVI
– Antigamente sim é que era bom;
LXVII
– Bundalelê;
LXVIII
– Eu tenho meus direitos;
LXIX
– A pontualidade não é regra;
LXX
– Marcar compromisso e não comparecer é quase regra;
LXXI
– Baiano não nasce, baio estreia!;
LXXII
– Aqui no Brasil é bom porque não tem furacão, terremoto, tsunami, vulcão e etc.;
LXXIII
– Você faz, por favor, uma nota fiscal com valor maior? A firma vai me
reembolsar;
LXXIV
– Ter livro “caixa 2” é regra;
LXXV
– Sonegar IR é regra;
LXXVI
– A chamada “meia nota” fiscal é quase uma regra;
LXXVII
– Tomar uma multa e tentar encontrar alguém que faz um
“quebra” é quase regra;
“quebra” é quase regra;
LXXVIII
– Pagar o chamado “flanelinha” para “cuidar” do seu carro na rua é quase regra;
Parágrafo
único: Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci e
poder se orgulhar e ter a consciência de que o pobre tem o seu lugar.
Uma das muitas dita "musa" do Brasil |