26/11/2016

A nova velha constituição do Brasil



CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA ABANANADA
DOS BRASILEIROS

PRELÚDIO

Eu, que não represento o povo brasileiro, mas faço parte desse aglomerado vira-lata que se formou no lado sul da América, me reuni comigo mesmo em Assembleia Pessoal Constituinte para instituir um Estado Pseudodemocrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sem deveres sociais e quase que totalmente individuais, como a liberdade, a insegurança, a malandragem, a desigualdade, o oportunismo, a canalhice, e essa justiça dissimulada, como valores supremos de uma sociedade analfabeto-funcional, corporativista, demagoga, hipócrita, nepotista e com muitos preconceitos, fundada na desarmonia social e descomprometida, na ordem interna e internacional, promulgo então, sob a proteção de Deus, do Diabo, Maomé, Buda, Moisés, Exu, Oxalá, Pagãos em geral, Maçons, Lutero, Augusto Comte, Einstein, Tim Tones, Pastor João e a igreja invisível, Steve Jobs, Nike e adjacentes desses aqui relacionados, a seguinte:

TÍTULO I

Dos princípios fundamentais sem fundamento

Art. 1º A República Abananada dos Brasileiros, formada pela união volátil dos Estados, Municípios e do Detrito Federal, constitui-se em Estado Pseudodemocrático de Direitos sem deveres e tem como fundamentos:

I - A ocasião faz o ladrão;
II – Achado não é roubado;
III – É preciso levar vantagem em tudo, e sempre;
IV – Aos amigos, tudo. Aos inimigos, a lei!;
V – Meu filho tem problemas com drogas. O seu filho é um “nóia”, viciado e sem conserto;
VI – Se caiu no meu quintal, é meu!;
VII – Na segunda-feira eu começo;
VIII – Político é tudo ladrão;
IX – Toda regra tem a sua exceção;
X – Futebol, religião e política não se discutem;
XI – O chamado fair play só é válido quando meu time está sendo atacado. Caso contrário, vide parágrafo III;
XII – Os erros dos árbitros durante as partidas (seja ela qual for), somente serão prejudiciais quando me prejudicarem. Caso contrário, vide parágrafo III;
XIII – Malandro é malandro e mané é mané.
XIV – Quem não está do meu lado, está contra mim;
XV – Se conselho fosse bom, não seria dado e sim vendido;
XVI – Amigo de filho da puta é filho da puta também;
XVII – Bandido bom é bandido morto;
XVIII – Não existe racismo na República Abananada dos Brasileiros;
XIX – O que não passa na televisão, não existe ou não aconteceu;
XX – Com quem você pensa que está falando?;
XXI – Eu conheço alguém que resolve isso;
XXII – Quem é você para falar assim comigo?;
XXIII – Quero falar com o gerente;
XXIV - O cliente tem sempre razão;
XXV – Os funcionários custam muito caro;
XXVI – Temos uma das maiores cargas tributárias do mundo;
XXVII – Deus não fez Adão e Ivo!;
XXVIII – Meu filho é homossexual. “Viado” é o filho do vizinho;
XXIX – A grama do vizinho é sempre mais verde;
XXX – Estupra, mas não mata;
XXXI – Com essa saia minúscula?! Tinha que ser estuprada mesmo;
XXXII - Muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são;
XXXIII – Bola para o mato que é jogo de campeonato;
XXXIV – Vou estacionar na vaga do cadeirante, mas é só por 5 minutos;
XXXV – Conheço aquele li que está no começo da fila, vamos lá;
XXXVI – Poxa senhor, não tem jeito aí se eu te pagar um “cafezinho”?;
XXXVII – Jogo lixo na rua mesmo, pois pago impostos para que a prefeitura mantenha tudo limpo;
XXXVIII – Se eu estivesse lá, também faria algum esquema, lógico!;
XXXIX – O país só começa a funcionar depois do carnaval;
XL – Os feriados é que prejudicam nossa economia;
XLI – Tem que matar tudo!;
XLII – Essa lei não “pegou”;
XLIII – Sai um de cada vez. O garçom nem vai perceber;
XLIV – Não tem esquema para entrar sem pagar?;
XLV – Tem um amigo meu que arruma carteira de estudante;
XLVI – Vou levar. Anota aí que depois eu te pago;
XLVII – Me empresta? Depois eu devolvo;
XLVIII – Assina a lista de chamada para mim hoje? Vou para o bar;
XLIX – Cheguei atrasado porque o metrô quebrou;
L – Aquele(a) era um(a) tremendo(a) safado(a)... Morreu?! Poxa, ele(a) era tão bom(a)...;
LI – Ei, psiu, qual é a resposta da 5?;
LII – Esse cartão não passou? Tente esse aqui então...;
LIII – Tenta um concurso público. Vai que você dá sorte e passa!;
LIV – Filho passe por debaixo da catraca, se te perguntarem, diz que você tem 6 anos;
LV – Não desmente a mãe (ou o pai) na frente dos outros. Isso é falta de educação;
LVI – Eu não conto mentiras;
LVII – É tudo maconheiro, esses aí;
LVIII – Um dia ainda ganho na loteria (apesar de não jogar);
LIX – Eu vim para somar, agregar valor à equipe e aprender muito;
LX – Vai ralando na boquinha da garrafa;
LXI – Ninguém é de ninguém;
LXII – No flow é show, fechou, tocou Neymar é gol!;
LXIII – Sem calcinha não paga a entrada;
LXIV – Beber, cair e levantar;
LXV – Cachorra, au au, gatinha, miau...;
LXVI – Antigamente sim é que era bom;
LXVII – Bundalelê;
LXVIII – Eu tenho meus direitos;
LXIX – A pontualidade não é regra;
LXX – Marcar compromisso e não comparecer é quase regra;
LXXI – Baiano não nasce, baio estreia!;
LXXII – Aqui no Brasil é bom porque não tem furacão, terremoto, tsunami, vulcão e etc.;
LXXIII – Você faz, por favor, uma nota fiscal com valor maior? A firma vai me reembolsar;
LXXIV – Ter livro “caixa 2” é regra;
LXXV – Sonegar IR é regra;
LXXVI – A chamada “meia nota” fiscal é quase uma regra;
LXXVII – Tomar uma multa e tentar encontrar alguém que faz um
“quebra” é quase regra;
LXXVIII – Pagar o chamado “flanelinha” para “cuidar” do seu carro na rua é quase regra;


Parágrafo único: Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci e poder se orgulhar e ter a consciência de que o pobre tem o seu lugar.


Uma das muitas dita "musa" do Brasil

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