Calma, só vim dar tchau. |
Em todo
final de jogo de futebol acontece sempre a mesma cena: o arbitro (ou juiz, já
que arbitrar é julgar) apita o final da partida e a polícia (do Estado) corre
em sua direção para protegê-lo (do quê?). Essa cena, que já virou rotina, é, no
mínimo, estranha: se você parar para pensar, é a polícia militar, o poder
estatal, que é mantido com dinheiro de impostos, dinheiro público, protegendo alguém dentro de um
evento privado, um evento que, no meu entender, os clubes ou a federação esportiva
que a rege é que deveria pagar por essa escolta. Mas no Brasil as coisas são
diferentes: o Estado serve a uma elite que comanda tudo há muito tempo.
Nunca
vi em jogo europeu a polícia entrar em campo para proteger ninguém. Claro que a
cultura dos povos não é comparável, que a educação na Europa está muito mais
avançada do que na América Latina, mas a questão não é essa: é o que fazem com
o patrimônio público.
O panaca da apuração. |
Assistimos
uma cena bizarra no último carnaval: um cidadão (idiota) foi preso acusado de
supressão de documentos, em plena apuração, ao vivo via TV. Quem leu, ou viu a
notícia, imaginou algo como o mensalão, as CPIs, mas na verdade o que aconteceu
foi que um indivíduo, revoltado com a apuração dos votos dos desfiles de carnaval
das escolas de São Paulo, pulou o alambrado que o separava do júri, pegou os envelopes
da votação e os rasgou. Nossa, que crime! Como todo desfile é pago para ser assistido ao vivo, no meu
entender é um evento privado. Mesmo sendo uma festa cultural e tudo mais. O que a polícia estava fazendo lá? Fácil,
obedecendo a ordens de superiores, barateando custos de produção. Protegendo o interesse de uma minoria
elitista que tem interesse financeiro nesse acontecimento. As comunidades populares dão a vida para que essa festa aconteça? Legal, mas eles são meros laranjas. São os que menos, ou até nada, ganham.
Choque cultural |
O
carnaval é uma festa popular? Beleza, é. Mas nos desfiles, que são pagos, e
caros para serem assistidos, a segurança tem que ser privada. O poder público tem que
agir na rua, no máximo.
Os
jogos de futebol são onde essa distorção do poder público fica mais evidente. A
polícia é responsável pela segurança pública, mas em eventos privados a
segurança tem que ser privada. Usam a polícia como querem e lhe convém. A
população só perde com isso. Dinheiro em evento privado é dinheiro na privada!
A polícia é a segurança da elite, terceirizada com dinheiro do Estado.
Até
quando vamos assistir o patrimônio publico ser usado por uma minoria elitista
e não vamos fazer nada? Eu sei a resposta: até quando quem manda quiser.
O
brasileiro nem faz ideia do que esta acontecendo. No Brasil, a milícia é
pública...
A milícia pública que age em favor da privada. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário