14/10/2012

Polícia privada: milícia pública.



Calma, só vim dar tchau.
Em todo final de jogo de futebol acontece sempre a mesma cena: o arbitro (ou juiz, já que arbitrar é julgar) apita o final da partida e a polícia (do Estado) corre em sua direção para protegê-lo (do quê?). Essa cena, que já virou rotina, é, no mínimo, estranha: se você parar para pensar, é a polícia militar, o poder estatal, que é mantido com dinheiro de impostos, dinheiro público, protegendo alguém dentro de um evento privado, um evento que, no meu entender, os clubes ou a federação esportiva que a rege é que deveria pagar por essa escolta. Mas no Brasil as coisas são diferentes: o Estado serve a uma elite que comanda tudo há muito tempo.

Nunca vi em jogo europeu a polícia entrar em campo para proteger ninguém. Claro que a cultura dos povos não é comparável, que a educação na Europa está muito mais avançada do que na América Latina, mas a questão não é essa: é o que fazem com o patrimônio público.

O panaca da apuração.
Assistimos uma cena bizarra no último carnaval: um cidadão (idiota) foi preso acusado de supressão de documentos, em plena apuração, ao vivo via TV. Quem leu, ou viu a notícia, imaginou algo como o mensalão, as CPIs, mas na verdade o que aconteceu foi que um indivíduo, revoltado com a apuração dos votos dos desfiles de carnaval das escolas de São Paulo, pulou o alambrado que o separava do júri, pegou os envelopes da votação e os rasgou. Nossa, que crime! Como todo desfile é pago para ser assistido ao vivo, no meu entender é um evento privado. Mesmo sendo uma festa cultural e tudo mais. O que a polícia estava fazendo lá? Fácil, obedecendo a ordens de superiores, barateando custos de produção. Protegendo o interesse de uma minoria elitista que tem interesse financeiro nesse acontecimento. As comunidades populares dão a vida para que essa festa aconteça? Legal, mas eles são meros laranjas. São os que menos, ou até nada, ganham.  

Choque cultural
O carnaval é uma festa popular? Beleza, é. Mas nos desfiles, que são pagos, e caros para serem assistidos, a segurança tem que ser privada. O poder público tem que agir na rua, no máximo.

Os jogos de futebol são onde essa distorção do poder público fica mais evidente. A polícia é responsável pela segurança pública, mas em eventos privados a segurança tem que ser privada. Usam a polícia como querem e lhe convém. A população só perde com isso. Dinheiro em evento privado é dinheiro na privada!

A polícia é a segurança da elite, terceirizada com dinheiro do Estado.

Até quando vamos assistir o patrimônio publico ser usado por uma minoria elitista e não vamos fazer nada? Eu sei a resposta: até quando quem manda quiser.

O brasileiro nem faz ideia do que esta acontecendo. No Brasil, a milícia é pública...


A milícia pública que age em favor da privada. 

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