16/07/2015

Por uma única bandeira


Vejo várias bandeiras pelas ruas:
vermelhas, azuis, cores do arco-íris
agitadas por militantes, multidões
Populares, militares ou civis
muitas diferenças, ideias e razões

Me desculpe, meu amigo ou camarada
“entendo” a sua jornada
mas já não tenho mais idade
pra esse papo de “revolução”

Por que não nos damos às mãos
e juntos, em sociedade
não fazemos a cidade
para toda a população?

Os anos rebeldes passaram
Passaram até na televisão
Da rebeldia (e do tempo) juvenil
acredito que ficou uma lição:

“Longe vá temor servil”
como diz do hino, o refrão
que cantamos na escola
a contragosto, mas que sabemos agora
a diferença faz, ter uma única bandeira
desde os tempos das brincadeiras

Passamos a vida inteira brigando
Olhando para o próprio umbigo
Fazendo do amigo o inimigo
enquanto o inimigo
e o inimigo do inimigo
se juntam, se fazem amigos

E estão no poder!
E eleitos pelo direito!
E, doa a quem doer
querendo ou não
todos eles nos representam
como manda na Constituição

E é difícil mudar essa situação
porque de eleição em eleição
elegemos o ladrão, o ladrão
o ladrão do ladrão do ladrão
E ninguém merece perdão

No meio político, o que vale
é o toma lá dá cá, a negociata
E por mais que façamos passeatas
falta um discurso que nos iguale

Então por que não formamos
uma única nação, unidos pelo elo:
branco, azul, verde e amarelo
se brasileiro, todos somos?

A bandeira a ser empunhada
é aquela que foi hasteada
no pátio, dos tempos de criança
Tempos de escola e de esperança
em que se sonhava
com o futuro...

Hoje o dia a dia é duro
E muitas crianças da nossa pátria
ainda não sabem o que é escola
E, pior, só sabem o que é esmola

É preciso quebrar essa rima
Paradigma que nos assola
Enquanto houver essa sina
haverão muitas chacinas

porque criança fora da escola
é criança morta!
É juventude morta!
É futuro morto, o resto é lorota!

Chega de ser o país da bola
do carnaval, do samba no pé
dos patriotas em tempos de Copa
Valores que não nos trazem nada
além de um estereótipo vulgar

Quero que aqui seja outro lugar:
o país da ciência, da literatura
do Nobel, da tecnologia, dos esportes
da igualdade de oportunidades
O país do conhecimento...

Mas paro um momento e vejo
que não há outro jeito
de mudar a direção da nação
se não mandarmos as crianças
às escolas!
E não às celas, reformatórios
ou (pior) cadeias... Grades?
Só se forem as curriculares!

E que essas crianças
no intervalo das aulas
no pátio, após o recreio
cercadas de verde
sob o céu azul anil
hasteiem uma única bandeira
cantando em uníssono, o refrão:
“Pátria amada, Brasil!”

Mas até lá, para essa nação
que sonho, chegar
a nação de hoje
tem que se unir e lutar
por uma única bandeira:

a bandeira da educação




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