18/03/2011

Amarelo


O amarelo não é todas, mas é parte de todas, em síntese. Na agonia da orelha cortada de Van Gogh, na imponência do Sol, no milho de Cora orado em versos, nos berros New Waves dos anos oitenta, na aurora, arco-íris, no sorriso sem graça da fome... O amarelo é cor e metáfora. Como cor é tijolo da muralha multicolorida dos anúncios publicitários, imagens eletrônicas formadas por bilhões de micro-pontos enfileirados. É componente indispensável na receita das cores: açúcar em pudim, sal em batatas fritas. Como metáfora é um nascer matinal diário diluído em raios de utopia que se espera algo bom. É traço da barriga vazia que chora amarelo, que aparenta amarelo, mas que não amarela ante à vida. Sem o amarelo tudo isso seria menos ou até não seria. Na certeza da não existência do amarelo, diria que as coisas seriam sem o verde da esperança e o céu não seria anil. Acho que as coisas seriam negras, como os olhos que não enxergam o amarelo, acham que é. 

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