22/03/2011

Pirataria


Muito se fala sobre a Pirataria: que o país perde em impostos, a indústria perde em empregos e assim por diante. O pior desse diz-que-me-disse, acredito eu, é a culpa que os camelôs levam, como se fossem eles os grandes responsáveis pela existência desse mercado negro, dessa indústria paralela; quando na verdade um camelô é só mais um desempregado tentando ganhar a vida.

Mas não quero neste texto divagar sobre esse assunto tentando apontar uma causa, um responsável ou culpado pela existência dessa prática ilegal; quero entrar na seguinte proposição: qual a importância da Pirataria numa sociedade consumista como a nossa? Se perceber, a Pirataria funciona como um fator de inclusão cultural.

Filmes que seriam acessíveis à classe mais pobre, somente quando fossem veiculados via TV aberta, hoje estão disponíveis nas barracas muito antes que nas locadoras (nas poucas que sobraram). A indústria cinematográfica, junto com a fonográfica, acredito que sejam as mais afetadas financeiramente. Mas a que mais me chama atenção, no sentido de inclusão, são as indústrias da moda e a eletrônica (ou digital).
 
Hoje as pessoas que circulam pelas ruas, aparentemente, estão cada vez mais fashion: óculos escuros de todos os formatos, tênis dos mais diversos modelos, bolsas femininas que custariam uma fortuna se fossem verdadeiras, bonés, camisas e camisetas, perfumes, celulares, MP3, MP4, 5... etc., etc.. O fato dos produtos serem falsificados e de pouca durabilidade ou qualidade não quer dizer absolutamente nada. A sensação de fazer parte de um grupo que anda conforme às regras do momento, não tem preço; alias, tem sim, e custa mais barato que o “original”.

Em “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade”, Walter Benjamin desenvolve suas idéias de que como os processos de industrialização contribuíram para a democratização da cultura. Com os dados certos e a leitura dos livros corretos, vou trabalhar nessa pesquisa de que como a Pirataria contribui para uma “redemocratização” cultura. Ousado, não?


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