A maioria dos finais de semana pareciam iguais. Já não tinha mais tanta graça assim sair para algum bar, encostar e ficar papeando, tomando uma cerveja. Todos pareciam oferecer as mesmas coisas: as mesmas bebidas, os mesmos cigarros, as mesmas conversas, os mesmos flertes, os mesmos mesmos... iguais, todos acabaram ficaram iguais. Mas mesmo assim Roberto ainda insistia em freqüentá-los. Quando se tem vida, se anseia por algo, e o que você quer não está dentro de casa, o que resta é sair em busca, mesmo não sabendo o que se quer. E era o que Roberto fazia.
Chegou á sexta-feira Roberto decidiu não sair com os amigos. O pessoal do trabalho achou até estranho – logo ele, que não perde um happy hour – alguém comentou. Despediu-se do pessoal, entrou no carro, ligou o rádio na estação de sempre e seguiu em direção à locadora de vídeo – o lance é pegar um filme, uma pizza, ficar em casa, curtir um pouco a solidão – pensou e tomou tal decisão. Tinha lido num jornal sobre um filme que acabara de ser lançado para locação, um do ator e diretor norte-americano Clint Eastwood – As Pontes de Madison – havia lido a sinopse, achou interessante, decidiu locá-lo. Há tempos não pegava um filme. Chegou à locadora e saiu à procura do longa. Viu-o na mão de uma garota que estava encantadoramente parada, com uma expressão suave ao belo rosto, lendo a contra capa... Roberto ficou parado olhando... a menina olhou-o de volta... Sorriu, disse:
- Você quer levar esse filme?
- Sim... quer dizer, não. Se você for pega-lo, não precisa se incomodar, eu o levo outro dia, não tem problema. - Disse meio sem jeito.
- Não, não, pode levar. Eu já assisti. - Disse num tom normal, mas para Roberto aquelas palavras soaram com toda a graça do mundo.
- Ah, já! É bom, gostou? – Perguntou insitntivamente.
- Adorei, é maravilhoso! Eu assisti no cinema. - Ela era fã de Clint Eastwood. Aprendeu a gostar do ator de tanto ver os filmes de western ao lado pai.
- É, que bom! Foi com o namorado? – Essa pergunta não fez por instinto e sim por malícia, de quem sabe como chegar ao ponto que quer.
- Não, não... é que gosto de cinema, e quando ninguém quer ir, vou só. Não perco os filmes que quero ver, por falta de companhia. - Respondeu com sorriso nos lábios.
- Como você se chama?
- Rita.
- Me fala um pouco do filme. - Ele disse a ela seu nome também e o papo seguiu.
A conversa caminhou tão naturalmente que quando os dois prestaram atenção há situação, já haviam trocado os números dos telefones.
Em casa, ansioso, Roberto apresou os preparativos para assistir ao filme. Esperou a pizza, sentou-se atencioso no sofá e mergulhou na estória, prestando atenção a cada detalhe, para poder ter o que falar com a menina que acabara de conhecer. E se encantar.
No outro dia, tímido, ligou para Rita, meio sem jeito, convidou-a para ir ao cinema, sem mesmo saber o que estava passando nas salas. Rita, sem pensar muito, aceitou.
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