30/12/2020
27/10/2020
17/09/2020
13/09/2020
O general de pijamas
As estrelas sobre o ombro
não nos servem de nada
Atrás de sua imensa mesa
é só mais um burocrata
Nunca combateu em guerra
nem foi em missão de paz
As medalhas que carrega
não representam nada demais
Os generais em seus pijamas
uma tropa de sanguessugas
se esbaldam no dinheiro do povo
que é quem trabalha e não foge à luta
08/09/2020
Filho da pátria
No dia da independência
se
enaltece a dependência
Por
que tamanha discrepância
de
sua excelentíssima excrescência?
O
calhorda que ocupa a presidência
politica
em subserviência
aos
EUA, e lhe presta continência
mero
cãozinho em obediência
Otária
gente brasileira
por
onde vá, em temor servil
essa pátria nunca estará livre
há quem goste de morrer pelo covil
27/08/2020
31/05/2020
11/05/2020
Receita de um país na brasa
- Pegue a carne de um povo bovino (geralmente é bem barata);
- Deixe de molho em séculos de descaso, falta de planejamento e má educação;
- Adicione uma sequência de governos pífios que legislaram em causa própria;
- Separe a carne em partes, de forma que uma sempre acredite ter mais “razão” do que a outra;
- Reforce com condimentos aplicados de maneira diversa, para manter a textura desigual;
- Coloque um pouco de molho de pimenta vermelha;
- Por conta da laicidade natural, adicione religião de forma desmedida;
- Retire a ciência;
- Adicione idolatria às figuras espúrias e culto à ignorância;
- Besunte com comodismo e desconexão com a realidade;
- Invente verdades e salpique a gosto;
- Enrole-a em revoluções e ditaduras;
- Mantenha sempre a carne à beira do caos;
- Em caso de pandemia, mais desinformação deve ser adicionada;
- E por fim é bom a carne já ir ao fogo.
Enquanto a carne assa sobre a brasa, dar uma volta de
jet-ski é recomendada. Cuidado para não cair.
Quadro "Primeira Missa no Brasil", de Victor Meirelles (1832 - 1903) |
08/05/2020
Sobre mães e paladares
Mais
um dia das mães se aproxima e a programação geralmente é a mesma
(para quem pode): ir almoçar na casa da mãe. Relembrar o gostinho
da comida da mamãe é sempre bom. Algumas vezes (também para quem
ainda pode) essa reunião familiar acontece na casa a vovó, que
segundo o dito popular, é mãe duas vezes, porque cria os filhos e
depois os netos. E esse encontro de gerações, torna a refeição
duas vezes mais saborosa.
Os
pais educam (ou educavam) os filhos de muitas maneiras: ajudam com o
dever acadêmico, moldam o caráter no sentido moral, ensinamentos
mais peculiares como o musical, trabalhos manuais e artísticos, e
formam também o paladar. Há pais que também cozinham, mas no geral
são as mães que botam a mão na massa. Principalmente da minha
geração, em que um saía para ganhar o pão e outro cuidava do lar.
Como
cresci comendo (e muito) também nas casas dos meus avós, há
sabores que aprendi a gostar, como o feijão da minha avó materna e
a “marmota” que minha avó paterna fazia. Eu achava tão gostoso
o feijão da minha avó materna que comia até os pedaços de cebola,
coisa que eu não fazia em casa. Sempre fui chato pra feijão,
inclusive. A “marmota” que minha avó paterna fazia era uma
delícia! “Marmota” é um bolinho de polvilho doce, em forma de
laço, que era frito e depois passado no açúcar ou canela, e era
uma festa porque geralmente quando minha avó fazia, estamos vários
primos reunidos. Bagunça geral! Minhas avós já se foram e levaram
junto esse meu paladar. Já comi muito feijão bem feito,
temperadinho e tal, inclusive o da minha mãe, mas um de mastigar a
cebola, com gosto, esse se foi. A “marmota”, minhas tias fazem,
minha mãe faz, mas... Falta algum toque diferente, um tempo a mais
na fritura, um descanso a menos da massa... Não sei o que é, mas se
foi também.
Já
a minha mãe faz pratos que considero especiais e que nunca comi
melhor por aí: panquecas, almondegas, bolinho de bacalhau e torta de
carne (ou frango) são imbatíveis. Uma vez, numa empresa em que
trabalhava, fizeram uma vaquinha para comprar os ingredientes da
torta de carne e pediram para minha mãe fazer. Ela atendeu o pedido,
claro. Na sexta-feira santa, bolinho de bacalhau é imprescindível.
Muitas vezes como só o bolinho, e vários! Ela também é muito boa
com bolos. Em aniversários ou na hora do café da tarde, sempre há
um belo bolo sobre a mesa. Claro que há muita memória afetiva em
tudo isso, mas cozinhar também é uma forma de ser carinhoso. E
carinho é bom, não é? Carinho enche barriga.
No
começo da minha adolescência o paladar se ampliou: as redes de fast
food começaram a fazer parte da vida. Ir ao shopping e comer no
McDonald's passou ser o programa principal. Isso no final dos
anos 1980, decorrer dos 90. Hoje essas lanchonetes, essas bandeiras
de grife, se multiplicaram: do Burger King ao Outback,
passando pelo Habib's, Giraffas...
Isso sem falar na trash food, os “dogão”,
churrasquinho grego, uma “sub-rede” de lanches que, sinceramente,
acho até mais gostosa. Tem de tudo um prato, de tudo um preço, para
todos os gostos.
A
vida, as obrigações e tecnologia avançaram, o sistema de delivery
se aperfeiçoou e vieram os aplicativos, como o Ifood.
Somando essa facilidade de pedir comida, com a falta de tempo,
cozinhar ficou cada vez mais “trabalhoso”. Sair cedo de casa,
trabalhar, estudar, levar filho para a escola, buscar filho no curso
(natação, balé...), afazeres do lar e ainda ter que cozinhar? Nem
pensar. Com a maioria das pessoas afogadas em rotinas, essas redes de
fast food começaram chegar mais cedo à boca das crianças.
Isso sem falar em uma série de guloseimas industrializadas. Imagine
o quanto isso uniformiza o paladar. Teremos gerações futuras com o
paladar formado pela indústria alimentícia e, talvez, elas se
“reeduquem” quando adultas. Deve ser triste não ter um carinho
gustativo para lembrar.
Claro
que também utilizo os aplicativos para pedir comida, e tem muita
coisa gostosa para comer. Mas igual à de casa, da mãe, não tem
concorrente que supra o sabor, que vai além da mera degustação. O
mais curioso é que existem restaurantes que oferecem a seus clientes
a tal “comida caseira”. Só não fornecem a lembrança junto,
porque a comida feita em casa leva um tempero que só existe na nossa
memória. Está lá gravado, não se cozinha isso. Inclusive no dia
das mães vou até a casa dos meus pais para almoçar, não só uma
bela refeição, mas também alguma lembrança bem boa. E irei em
outras datas porque haverá um dia em que a sexta-feira santa não
terá o mesmo sabor. Bom apetite a todos.
AB
04/05/2020
01/05/2020
Um delírio de “futurologia”
Com a
quarentena decretada e a aproximação compulsória de casais, a
ansiedade acumulada somada a ociosidade, proporciona a esses casais
mais oportunidades para copular. Com certeza isso terá impacto
direto num futuro índice de natalidade. Não só aqui como no mundo.
Então está
em gestação toda uma geração que será denominada “geração
quarentena”, ou “geração Q”.
E essa
geração crescerá ouvindo estórias sobre a praga que foi o
coronavírus, que o “Covid 19” foi criado em laboratório, que
seus pais foram proibidos de saírem de casa, que fronteiras foram
fechadas entre países, que as ruas ficaram vazias, que houve
carretas em protesto, que houve desobediência civil, que foram
proibidos de trabalhar, que foram proibidos de irem à igreja, que o
governo mentiu sobre o número de infectados, que os hospitais
estavam lotados, que as UTIs estavam vazias, que muitos morreram, que
o presidente dizia ser mentira, que as pessoas saiam nas janelas para
baterem panelas, que o governo deu auxílio em dinheiro, que havia
briga entre os governos, que tudo era um plano de dominação
comunista da China, que faltaram máscaras, que cada um fazia sua
máscara, brigas por álcool em gel, empresas fecharam, desemprego,
fome... E todas essas estórias terão um viés político.
Ou seja: a
“geração Q” terá tudo para herdar nossa visão bidimensional
do mundo, com uma forte dose de maniqueísmo. Somando isso à nossa
tradicional “incultura por opção”, essa futura geração terá
tudo para ser mais ignorante.
Veremos
também outra face esdrúxula de nossa “tradição”: os nomes
bizarros. Com certeza leremos por aí nomes como: “Allquingell”,
“Allquingelson”, “Allquelle”, “Allcon”, “Corona”
(esse já existe), “Corono”, “Coronelli”, “Coronelson”,
“Covid”, “Covidson”, “Allcovidson”, “Allcovid”,
“Covidavid”... E por aí vai.
Quando ver
uma barriga grávida, prepare-se, a “geração Q” está por vir.
AB
NP, clássico jornal popular. |
21/04/2020
A era de Trevas
O Mandetta caiu
a vendetta chegou
A caneta assinou
e maneta a saúde ficou
O capitão chupeta mugiu
e assim Trevas* surgiu
Brasil? Nem me viu!
Feliz de quem já fugiu
*
Essa é a poesia que “não foi”: com a possível queda do
ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, o mais cotado para
assumir seu lugar seria o ex-ministro da cidadania, Osmar Terra,
apelidado “carinhosamente” por Mandetta de “Osmar Trevas”. No
final quem assumiu a cadeira foi Nelson Teich.
03/04/2020
Sobre líderes evangélicos
A
queda de braço entre governos estaduais e líderes neopentecostais, em especial
Silas Malafaia e Edir Macedo, para que os cultos presenciais continuem, mostra
o quão cretinos ambos são.
Pastores
que querem aproveitar o momento de fragilidade social, para enriquecer mais, já
que essas lideranças se beneficiam do sofrimento alheio, no mercado da fé.
O
que poderia ser o contrário: essas empresas religiosas têm espaço e verba para
ajudar e salvar (neste mundo) muitas vidas.
Poderiam
ceder seus templos para o atendimento médico; poderiam doar muito material
hospitalar, o que sairia a preço de banana, para esses “biliardários”. Ainda
mais que nem impostos pagam (IPTU, IR, COFINS, ICMS, ITCMD, conforme artigo
150, inciso VI da Constituição Federal).
Uma
liderança que preza pelo ser humano, ajudaria a sociedade nesse momento de
pandemia, falta de recursos e insegurança com o futuro. Mas não... A
preocupação desses charlatões é com o faturamento do culto, ou seja, com o
próprio bolso.
Isso
mostra a falta de empatia, completo descaso e desrespeito com seu próprio
público, os fiéis que os sustentam, que enchem suas contas bancárias.
Se
você é um desses fiéis, não vá ao culto, missa ou equivalente, isso ajudará a
propagar mais rápido o corona vírus. Ao pastor só lhe interessa os 10% do
salário que você ganha, e com muito trabalho.
E
caso seu pagamento mensal lhe falte, por conta do seu emprego estar
comprometido, a igreja (seja qual for) não irá pagar as suas contas.
Nesse
momento, o bom senso salvará mais do que a fé.
A
palavra “solidariedade” não está na bíblia desses caras.
13/03/2020
12/03/2020
24/01/2020
São Paulo, 466 anos
A dicotomia
entre o discurso político e a realidade do paulistano (e de tantos
“anos” por aí) é tão imensa, que não entendo como pode não
perceber a diferença entre o falado em palanque e o vivido.
Aqui o
indivíduo é esquecido, consumido, espremido, comprimido (e mais
comprimidos) nessa cidade turbulenta, violenta, lenta... Transeunte
sempre atrasado, em trânsito, completamente parado sobre o asfalto.
Assalto, assalto, assassinos a solta... E o paulistano preso ao medo,
ao modo chulo, ao cheiro ruim, alagado, ilhado, soterrado sob a terra
que é sua... Desterrado pela própria omissão.
Solitário
na multidão, sem propriedade, o paulistano é um exilado em sua
própria cidade.
Canção
do Exausto
Minha terra tem problemas
que sabia até o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
são os mais podres
carcarás
Nossas ruas, mais buracos
Nossas várzeas, mais
horrores
Nas esquinas, mais
chacinas
Nossas vidas, mais temores
Nessa terra paulistana
quase nada que se planta
dá:
a grama aqui não verdeja
o lixo sempre há de
aumentar
os sujos rios não têm
correnteza
e o ar cinzento o sufocará
Nossas aves, revoada de
rapina
alimentam-se de propina
Nossos trens, mais
descarrila
aqui nunca prosperará
Minha terra tem problemas
que sabia até o sabiá
Não permita Deus que eu
morra
sem que me revolte contra
lá:
do Matarazzo ao
Bandeirantes
Câmara e Assembleia
parasita classe deletéria
que eu a ponha a debandar
Minha terra tem picaretas
que sabia até o sabiá
Carcará que aqui gorjeia
do povo bovino se
alimentará
Em cismar – sozinho - à
noite
não dormi... Já é hora
de levantar
Texto e poema declamados
Minhocão no centro dos outros é refresco
13/01/2020
Quem precisa de humorista, quando se tem o evangélico?
Esse
caso do
Porta
Dos Fundos
se
desdobra cada vez mais.
Agora
tem um foragido: Eduardo Fauzi,
criminoso
com 15 passagens pela polícia
e seguidor do velhaco Olavo de
Carvalho.
No
vídeo gravado pelo vagabundo, dentre outros blá, blá, blás, ele
acusa a produtora de "desrespeitar" os cristãos, jesus e
derivados.
Vamos
pensar um pouco: com toda a bizarrice evangélica que há por aí,
quem precisa de humorista para desmoralizar o cristianismo?
Essas
igrejas neopentecostais vendem tudo quanto é charlatanice ungida:
vassoura ungida, martelo ungido, sabão em pó ungido, travesseirinho
ungido (vídeo no final do texto),
suco de uva ungido, caneta ungida (para passar em concurso, porque
estudar ninguém quer) água abençoada, sabonete... E com certeza uma
infinidade de outras besteiras.
E
os "exorcismos"? Tem coisa mais ridícula, de tão falso
que
é? Bem, ironicamente, isso faz da televisão brasileira a mais
democrática do mundo, já que é a única em que o demônio fala ao
vivo, em rede nacional.
Os
bispos, pastores, obreiros e sei lá mais quais denominações
existem, construíram a indústria (máfia) da fé e faturam muito
sobre a ignorância da população.
Se
existe alguém que desmoraliza, ridiculariza, zomba, etc. do
cristianismo, esse alguém é o evangélico... Vulgo crente.
Mais
uma vez: quem precisa de humorista, quando se tem o evangélico?
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