11/11/2010

Samba da Taguá

Acabou a aula
Tá na hora de animar
Antes de ir embora
Eu desço pra Taguá

E lá eu entro no agito
A cerveja enche o copo – 2X
E a maconha é pirulito

Vamos lá galera
É hora de brindar
Levantar o copo
Vamos pra Taguá

E lá eu entro no agito
A cerveja enche o copo – 2X
E a maconha é pirulito

A vida é mesmo bela
Temos que aproveitar
Faculdade é o caralho
Nós vamos pra Taguá

E lá eu entro no agito
A cerveja enche o copo – 2X
E a maconha é pirulito

07/06/2010

Amizades

Enquanto a Sandra
Schamas
O Benedito
Deíta

Mas e a Bruna?
Nehring aí pra nada...

07/04/2010

Mais valia

Hoje fiz render um milhão
Que coisa boa
Que alegria pro patrão

Anoiteceu, eu vou embora
Pra descansar e voltar
Antes da aurora

06/04/2010

Sem palavras

Este poema é do amigo e poeta Sergio Silva
Blog: RE-GRANMA


Sem palavras


Encontro-a no traçado das letras
na graça e na sutileza de certas palavras....
Na nota musical da melodia
e no refrão de uma bela canção.

O que estarás lendo em sua cama?
O que estarás ouvindo no momento
em que o pensamento flutua como bolha de sabão?

Essas são as peguntas que o dia nos proporciona
Por isso é que prefiro a noite
que é de onde vem todas as respostas.

Sérgio Silva

Sem dó - II

Algo de estranho lhe acontecia. Antigamente não reparava, mas de uns tempos para cá não conseguia mais deixar de notar. Suas entranhas se contorciam cada vez mais de raiva, provocando uma reação trêmula logo abaixo do seu olho direito, como se fosse um pedido do corpo à mente – faça alguma coisa, e logo. Os noticiários da TV passaram a ficar insuportaveis: a mulher, sempre bem penteada, roupa aprumada, linguagem impecável, anunciava a desgraça com semblante de preocupação. Atônita. Tantos mortos não sei onde, assalto termina em tragédia não sei donde, seqüestro, desemprego, crise... Mas logo após a enxurrada de sangue e tristeza vinham os gols da rodada, alterando da água para o vinho a expressão no rosto da apresentadora. Não conseguia mais acompanhar essas inversões de humor, não lhe fazia sentido aquilo. Valores contrários caminhando lado a lado em prol da informação - cretinos! - era assim que passou a chamar os jornalistas que apresentavam os programas policiais - locutores da morte, encobrem a verdade com seus gritos demagogos - aquilo para ele era o fim. Vomitou.

Certo dia dentro no vagão do metrô viu um cartaz que dizia: adote um amigo. Nele havia alguns animaizinhos desenhados com cara de abandonados, e descendo mais um pouco as instruções para que você, com dinheiro, contribuísse para a casa sei lá das quantas e passasse a “criar” um desses desamparados bichinhos - algum filho da puta abandona o bicho e outro filho da puta, com dó, adota-o a DISTÂNCIA. Só rindo mesmo.

Saiu pela Sé em direção a Rua Benjamin Constant. Passou indiferente pelos garotos imundos que cheiravam cola na praça – olha o crente, maldito, acha que vai salvar a humanidade gritando desse jeito, não deve nem saber ler direito – Os camelôs amontoados vendiam tudo quanto eram coisas, driblou-os. Um bando de gente procurava trabalho. Alguém tropeçou: um riu, o outro ajudou – ta ficando raro isso. Uma mulher com uma criança de colo pedia aos transeuntes - uma moeda pra dá de comer a menina... Obrigado, Deus lhe abençoe - Sentiu nojo daqueles gestos. Passou em frente ao banco. Filas enormes... Seguranças. Um garoto com um caixote nas costas veio em sua direção:

- Vai graxa ai dôto?

- Sai pra lá molambo! – O moleque não teve reação.

Guarda Civil Metropolitana presente, Estado coercivo imponente, mantendo a ordem... Ordem. Chamam toda essa merda de ordem. A ordem está inversa.

Segui na rua, subiu a Quintino Bocaiúva - livros usados... Usados... Somos todos usados.

De saint-tropez preta colada ao sedutor copo, parada num ponto qualquer do Lgo São Francisco, encarou-o. Caminhou em direção a ela maravilhosa. A calcinha, marcada na calça, era minúscula. Deixava escapar a provocante renda pela lateral, de propósito. O pequeno top apertava os seios. Ele aproximou-se e ouviu sair dos avermelhados lábios:

- E ai, ta a fim de um programa?

- Quanto?

- Oitenta, meia hora.

Pensou um pouco e aceitou. Foram em direção a uma pequena porta fumê. Ela pegou a chave com uma cara que estava atrás dum pequeno balcão que havia na entrada.

Sem dó - I

Algo de estranho lhe acontecia. Antigamente não reparava, mas de uns tempos para cá não conseguia mais deixar de notar. Suas entranhas se contorciam cada vez mais de raiva, provocando uma reação trêmula logo abaixo do seu olho direito, como se fosse um pedido do corpo à mente – faça alguma coisa, e logo. Os noticiários da TV passaram a ficar insuportaveis: a mulher, sempre bem penteada, roupa aprumada, linguagem impecável, anunciava a desgraça com semblante de preocupação. Atônita. Tantos mortos não sei onde, assalto termina em tragédia não sei donde, seqüestro, desemprego, crise... Mas logo após a enxurrada de sangue e tristeza vinham os gols da rodada, alterando da água para o vinho a expressão no rosto da apresentadora. Não conseguia mais acompanhar essas inversões de humor, não lhe fazia sentido aquilo. Valores contrários caminhando lado a lado em prol da informação - cretinos! - era assim que passou a chamar os jornalistas que apresentavam os programas policiais. Locutores da morte encobrindo a verdade, gritando mais e mais que é preciso fazer isso, é preciso fazer aquilo - mostra a cara do vagabundo ai... temos que tomar alguma providência - aquilo para ele era o fim. Vomitou.

Certo dia dentro no vagão do metrô viu um cartaz que dizia: adote um amigo. Nele havia alguns animaizinhos desenhados com cara de abandonados, e descendo mais um pouco as instruções para que você, com dinheiro, contribuísse para a casa sei lá das quantas e passasse a “criar” um desses desamparados bichinhos - algum filho da puta abandona o bicho e outro filho da puta, com dó, adota-o a distância. Só rindo mesmo.

Saiu pela Sé em direção a Rua Benjamin Constant. Passou indiferente pelos garotos imundos que cheiravam cola na praça – olha o crente, maldito, acha que vai salvar a humanidade gritando desse jeito. Camelôs amontoados vendendo tudo quanto é porra. Um bando de gente procurando trabalho. Alguém tropeça: um ri, outro ajuda (coisa rara). Uma mulher com uma criança de colo pede aos transeuntes: uma moeda pra dá de comer a menina. Obrigado, Deus lhe abençoe. Sentiu nojo daquilo. Passou em frente ao banco. Filas enormes... seguranças. Vai graxa ai doto, sai pra la molambo. Guarda Civil Metropolitana presente, Estado coercivo imponente, mantendo a ordem... ordem. Chamam isso de ordem. A ordem está inversa. Segui na rua, subiu a Quintino Bocaiúva. Livros usados... usados... somos todos usados.

De saint-tropez preta colada ao sedutor copo, parada num ponto qualquer do Lgo São Francisco, encarou-o. Caminhou em direção a ela, maravilhosa, a calcinha, marcada na calça, era minúscula. Deixava escapar a provocante renda pela lateral, de propósito. Top minúsculo também, apertando os seios.

- E ai, ta a fim de um programa?

- Quanto?

- Oitenta.

- Ok.

Suicida

Já que a morte vem
Um dia, pensado bem
Viver, que mal tem?

O poeta que foi ao céu

Um dia numa certa cidade
Um poeta já de muita idade
Acordou cansado
Mesmo assim escreveu
Escreveu, escreveu...
Até que morreu.

Sua alma seguiu o destino obrigatório
Entre céu e inferno, parou no purgatório

...
Fez da letra uma arte
Apesar disso não ter utilidade

O dia é um dia

O dia é um dia e nada mais
Chuvoso ou cinzento
Ensolarado, com vento ou sem vento
O dia é um dia e nada mais


Indiferente, o dia
Passa

Sorriso menino

No sorriso menino
Repousa a paz
Incerto destino
Dum futuro rapaz
Que o sorriso me traz

Meu dia começa

Meu dia começa
Quando
Me sorri
Antes
Sou somente
Coração
Pulsando em trevas

E assim foi feito (o éden)

Depois de descansado
Deus, de forças renovado
Viu que algo mais era preciso
E na terra criou um paraíso


Éden foi o nome lhe dado
E para desfrutar dessa imensidão
Do barro formado e soprado
A vida, criou-se Adão
Que lá foi colocado


Plantou a árvore da vida
Com a fruta proibida
No centro do jardim
E ao homem disse assim:
“Se comeres da maldita,
Rápido terás o seu fim”


Era para ser a segunda parte do poema E assim foi feito (o princípio)

Poderia ter dado certo...

Poderia ter dado tudo certo. Se havia algo de bom era só deixarmos esse “algo bom” contaminar o resto de nossos restos. Aprendemos a fazer a coisa errada: geralmente colocamos os prós e os contras numa balança, contamos os dois e equilibramos as quantidades, o que é errado. No desejo não se equilibra pelas quantidades e sim pela intensidade. Uma coisa intensa sempre será maior que dez sem intensidade. Era só deixar tudo se misturar que o desejo de maior intensidade contaminaria todos os outros. Quando se sente “algo bom”, nem que seja só um, com certeza ele vai prevalecer. É uma maçã boa que cura o cesto podre. Olhar o ruim é perder a chance de desfrutar o que é belo.

Pega pedra

Lembra daquela brincadeira de jogar uma pedra para o alto e tentar pegar uma outra com a mesma mão? Fiz esta canção para ser cantada pelos adversários como forma de mal-agouro, enquanto um tenta ganhar o jogo.


Pega pedra


Pega pedra
Pega tenta
Quem não tenta
Nunca pega
Quem não pega
Perde a merenda

O que é a vitória?

Penso às vezes que a vitória é um misto de reconhecimento e glória, originados do emprego de nossa força em alguma coisa que resulta em outra coisa... mas para ter reconhecimento e glória, o que para muitos é essencial para se sentir vitorioso, vencedor, é preciso que outro me conceda essa alegria, pois elas para existirem, mesmo elas não existindo, é preciso da aprovação alheia. Minha vitória, ou minhas vitórias, todas elas, sinto-as só, sem o olhar julgador do outro, sem a contemplação dos demais, sem os aplausos dos meus semelhantes, que muitas vezes soam por educação e indiferentes, sem medalhas de honra ao mérito ou diplomas enquadrados, sem os louvores das massas, sem fama, troféu, sem nada, meu êxito existe por si só, meus ouvidos são surdos aos aplausos, minhas paredes são límpidas das obrigações subservientes, minha pele não tem broches brilhosos e coloridos, minha vitória é sem troféu e não tem o beijo da menina que segura o guarda-chuva... é sem pódio.

Gato malhado

O gato malhado
Subiu no telhado
E a pomba distraída
Ainda não se tocou
Mas ela deu sorte
Na hora do bote
Bateu asas e voou

No fundo ela gosta

Vivo mexendo com aquela nega, mas ela vive se fazendo... Ela faz isso, mas sei que no fundo, no fundo, ela ta é querendo...

Ela nega querer
E não me da resposta
Mas no fundo ela gosta

Quando pesso atenção
Ela me da as costas
Mas no fundo ela gosta

Se recusa a ir comigo
Para minha palhoça
Mas no fundo ela gosta

Monólogo do medo - II


Boa noite... Bom dia, ou boa tarde... Ou sei lá o que. A marcação do tempo para mim não faz diferença, não tem importância. Nenhum sentido. Em qualquer momento, inclusive neste agora, estou com você. Não estou ao seu lado, nem te seguindo pela rua, não lhe observo de longe, não sou um vouyer na fechadura, nem preciso de câmeras ligadas com as lentes vinte e quatro horas sob vigília para saber onde você está. Sei de cada movimento seu. De cada vontade sua, cada desejo, anseio... Sei de toda a esperança que carrega no peito. Sei de cada sonho que você “acredita” ser possível de realizar... Mas não o faz acontecer. Sei de tudo isso porque moro dentro de você! Não, não... Não sou um verme, e nem um parasita. Alias, parasita é o que eu consigo fazer de você! Ajo de mansinho... Quase que imperceptível... Eu, junto com minha grande aliada, a Dúvida, faço você desistir de qualquer coisa. Consigo deixá-lo por toda a tediosa e vazia existência humana creditando que pode fazer, mas nunca faz.

Monólogo do medo - I


Boa noite... bom dia, ou boa tarde, sei lá, tanto faz. Essa marcação inventada de tempo para mim não faz a menor diferença, não tem nenhuma importância, nenhum sentido. Independente da hora, do dia, do mês, do ano, em qualquer momento, inclusive neste agora, estou com você. Não estou ao seu lado, nem te seguindo pela rua, não lhe observo de longe, não sou um vouyer na fechadura, ou na janela, nem preciso de câmeras ligadas com as lentes vinte e quatro horas sob vigília para saber onde você está. Sei de cada movimento seu, de cada vontade sua, de cada desejo, anseio, sei de toda a esperança que carrega no peito, sei de cada sonho que você “acredita” ser possível de realizar... mas não o faz. Sei de tudo isso porque moro dentro de você! Não, não. Não sou um verme. Nem uma lombriga, nem um vírus, nem bactéria, nem parasita... Espera ai, parasita? Parasita... parasita! É, talvez eu seja um parasita. Não, não, também não. Parasita é o que eu consigo fazer de você! Ajo de mansinho... imperceptível... Planto a semente da dúvida, sopro ao pé do ouvido uma qualquer solução contrária há situação e pronto: nasce mais um parasita. Eu tenho um poder tão grande que consigo deixá-lo sentado, as vezes até deitado, por toda a tediosa vazia existência humana que você já tem como garantia de posse. Vazio... por isso que muitos de vocês são vazios. Para que mudar? Mudar para que? Se eu já tenho o vazio como garantia. A mudança cansa, é trabalhosa... dá trabalho... não vale a pena. É melhor deixar como está.

Chanfro social


Todo ser humano nasce puro. Sem desejos, que não os naturais, irracional, mas dentro de certa racionalidade. No decorrer do tempo, o convívio com outros, o convívio social produz “marcas” (vincos) na sua personalidade.
Um bom exemplo disso são as entrevistas feitas com Cazuza (Só as mães são felizes – Lucinha Araujo). No início de sua carreira, quando questionado sobre sua sexualidade, ele responde – não sou homossexual, apenas amo; se é homem, mulher ou seja lá o que for, eu amo, apenas isso – já nas últimas entrevistas, ele responde que é homossexual. Acredito que de tanto o questionarem sobre isso, acabou-se auto-rotulando. Passou de um pensamento individual para um pensamento coletivo (social).

Salvador

Esta canção foi feita por um amigo meu, e publicada em seu blog - Nolahs - as três primeiras estrofes são dele, as duas últimas são de minha autoria.


Lá vai o Salvador
Não é o Allende
Não é o criador...
É apenas, o zézinho


Com sua viola
Cantando sua moda
Pelas ruas solitárias
Encostado em postes adormecidos...


Lá vai o Salvador
Não é o Allende
Não é o Criador...
É apenas o Zezinho
A cantar o seu amor!




É apenas o zézinho
Tocando sua moda
Disfarçando sua dor
Fumando sua marola
E cantando seu amor


A maldita foi-se embora
Fugiu com um doutor
E ele fica na maloca
Dedilhando sua viola...

Pedaços

I



Nesse nosso mundo maluco
Constituído por guerras
Onde o que importa é dar lucro
À capital da matéria
O seu amor...
Não diga não baby
Isso me destrói
Entre prédios e muros
Nosso amor se constrói
A rotina nos enlouquece...




II


Abre essa porta amor
Eu sei que passei do horário
Então, peço perdão
Não quero criar desatino
A nossa paixão
Que não se acabou
E nem vai acabar
Eu sei que errei
Fui procurar amigos na noite
Mas não me esqueci de você
Fui andar por ai, para saber
Que não tem nada não
Nada que seja igual
Ou melhor que sua atenção
Nossa casa é a morada
Do amor verdadeiro
Abara a porta, amor
Me receba de braços abertos
E beijos na boca
A cama é testemunha
Maior da nossa paixão...

3 razões para viver


Escrever um texto apontando razões para viver pode ser perigoso, porque esse tipo de tema faz o escritor caminhar no fio da navalha, entre o clichê e o espetacular. Alguns, acho que até a maioria dos escritores, cairiam no clichê. Fariam textos demagogos falando sobre razões do tipo ver o sol nascer, a beleza da natureza, viver por ter esperança de dias melhores, de ter um grande amor, a paz no mundo... todas essas baboseiras que, por incrível que pareça, as pessoas não se cansam de ler. Vou tentar aqui falar sobre motivos que acredito que sejam plausíveis.



Bem, acho que a primeira razão de querer viver é pura e simples: não quero morrer. A morte é inerente a nossa vontade, tudo bem, mas eu não a desejo. Espero que ela me visite daqui uns 100 anos. Por mais motivos que as pessoas encontrem, acho que esse é o principal (os suicidas ficam fora dessa lista).



A segunda razão é a vontade de realizar. Ai você me pergunta: tá bom, mas realizar o que? E eu lhe respondo: não sei. E é por isso que vivo, para saber o que realizar. É por isso que olho para as coisas com encanto, para descobrir nelas algo a realizar. Olha para tudo sem preconceito. Nunca sabemos onde pode estar o nosso desejo de realizar algo.



Crescer como ser humano, é a terceira. E esse crescimento só se consegue através do conhecimento e das relações humanas, ou seja, da vida.



Talvez eu encontre outros motivos, talvez eu desencontre outros, mas enquanto tiver um, estarei aqui para escrevê-lo.

Auto-medicação


O número de pessoas que se auto-medicam está aumentando cada vez mais, o que é um perigo, pois o que a maioria não sabe é que um remédio é um mal pequeno que mata um mal maior. O consumo excessivo de um medicamento pode atacar os rins, destruir a flora intestinal, o fígado, aparelho digestivo e pode comprometer a composição sanguínea. O pior é que, além da auto-medicação adulta, as crianças acabam sendo vítimas desses desinformados, podendo ter os ossos enfraquecidos e os dentes manchados, em decorrência do uso sem prescrição.

Gestantes podem ter um prejuízo maior, pois o feto corre perigo de má-formação.

A auto-medicação é extremamente perigosa, e está longe de cair em desuso. As pessoas ainda preferem indicações de amigos ao invés de médicas.

Falar e escrever


Falar e escrever, coisas que parecem iguais, mas na realidade acontecem de formas bem diferentes. Dizem até que pensamos uma língua, falamos outra e escrevemos uma terceira. Isso fica muito evidente em algumas ocasiões. Quando candidatos a uma vaga de emprego ou vestibulandos se deparam com uma redação, geralmente o que se pensa e se fala muitas vezes não é o que vai para o papel. Isso decorre da falta de uma outra atividade correlacionada e importantíssima: ler. A leitura é a ponte entre o coloquial e o formal.

Nos dias de hoje a juventude está desenvolvendo cada vez mais uma linguagem própria: a internet com suas abreviações e as gírias, cada vez mais segmentadas por “tribos”. Isso pode ser prejudicial, caso o adolescente não tenha o hábito da leitura. Escrever uma simples frase, com sujeito e predicado, pode se tornar uma tarefa difícil.

O número de “best-selers” vendidos, aumenta a cada dia, o que é um bom sinal, pois demonstra que as pessoas estão lendo mais. Estórias de vampiros, lobisomens, magos, fábulas, estão preenchendo o imaginário da galerinha. O ruim disso é que a falta de consumo de uma literatura mais requintada, principalmente brasileira, faz com que esses “best-leitores” fiquem com um léxico limitado, e também deixam de conhecer uma boa parte da história do Brasil, retratada pelos escritores da época.

Com a globalização, cresceu o número de pessoas atrás de um curso de língua estrangeira. O bom e velho inglês, o espanhol, francês... o mandarim, que é a bola da vez, são cada vez mais falados. O contraditório disso é que nenhuma das línguas é estudada a fundo, nem a língua pátria. O Brasil está formando uma nação de poliglotas semi-analfabetos.

Acho ninguém fala corretamente o dia inteiro, é muito difícil, mas nem por isso podemos deixar de nos policiar e tentar falar da melhor forma possível. Enquanto a maioria achar que escrever é coisa que se faz só quando nos mandam, viveremos essa dualidade entre fala e escrita.

Mini biografia



Meu nome é André, sou paulistano, filho do progresso (sou filho de nordestinos). A origem do meu nome gera discussões contraditórias em minha casa até hoje. Desde pequeno acreditei que ele foi inspirado numa personagem interpretada pelo ator Tony Ramos, o André Cajarana (novela Pai herói). Nasci em 1975 e descobri que essa novela foi ao ar em 1979! Apesar da confirmação de que ela foi realmente veiculada quatro anos depois do meu nascimento, meu pai insiste em dizer que não. Vai entender.

Tenho muitas lembranças da época de ensino fundamental: sempre entravamos em fila, medindo um braço de distância do amigo da frente, depois seguíamos até sala. Uma fila por vez. Na educação física, além do uniforme totalmente branco, ficávamos com os braços para trás do corpo, uma mão segurando o punho da outra, até começar os exercícios. Todos os dias fazíamos o cabeçalho no caderno, depois traçávamos dois riscos na folha, verde e amarelo. Teve uma vez em que uma vizinha minha (não esqueço disso) voltou do colégio e me deu uma notícia que me deixou feliz o resto do dia: quando fui sair de casa para a aula, ela voltava e curioso perguntei, você não vai à escola hoje?, ela disse que não porque não haveria aula, nosso presidente Tancredo Neves tinha falecido. Quando ela me disse isso soltei um grito, eba! hoje não tem aula! Voltei para casa.
Dez anos depois, em 1994, quando servi à pátria, descobri que muitas das posturas adotadas pelo colégio eram influenciadas pelo regime militar; regime que (re)vivi ao pé da letra.

A vida de soldado era uma moleza. Eu era datilógrafo numa seção que cuidava do calendário semanal das atividades do batalhão. Não fazia nada e ainda recebia para isso – R$96,00. No começo eram sei lá quantas URVs (unidade real de valor), depois nosso ministro Fernando Henrique mudou para real, e assumiu a cadeira do topetudo Itamar Franco (que tem como marca de governo o relançamento do Fusca... é mole!).

Um ano depois quando sai do quartel, o mercado de trabalho estava de pernas para o ar. Empresas que vivam da inflação, desapareceram do dia para a noite, o que gerou muito desemprego. Nem parecia mais o mesmo país de 1989, de quando comecei a procurar emprego. Os moleques nessa época começavam nas empresas como Contínuo. Acho que ninguém imaginava que o processo de redemocratização, que começou para valer com as eleições diretas para presidente, e teve Fernando Collor como vencedor, acabaria com a inflação, ainda mais depois da amiguinha Zélia do Fernandinho aprontar com nossas poupanças... mas deixa isso para lá.

Hoje vejo que presenciei muitas mudanças do país (e do mundo), sem se dar conta; eu era muito menino. O engraçado é que, quando olho assim para trás no tempo, vejo que nasci no século passado, e me sinto jurássico. E o mais engraçado ainda é que o Brasil depois de passar por uma leva de presidentes num curto espaço de tempo, e jogar de vez na caverna o dragão da inflação, o que parecia impossível, depois de tudo isso, eu ainda continuo sem saber de onde tiraram meu nome.

Os jovens lêem cada vez menos... será?



Há uma tese de que os jovem (generalizando) lêem cada vez menos, mas será que ela está correta? Hoje é cada vez mais comum ver um jovem com um livro nas mãos: Crepúsculo, A Cabana, estórias de vampiros, auto ajuda, Down Brown, Paulo Coelho, Zibia... Literatura pop difundida em massa. Fora as revistas especializadas nos mais diversos assuntos que angariam cada vez mais leitores segmentados. Por outro lado esse tipo de leitura afasta-os da literatura mais clássica, o que é ruim para todos: os professores que não conseguem fazer os alunos lerem livros mais clássicos; os alunos que acabam deixando de lado um rico conhecimento sobre a língua e a história do Brasil; para os autores que caem no esquecimento.
Os meios de comunicação agem como herói e vilão ao mesmo tempo nessa história: distraem a juventude com programas e séries de TV, rádio, mas através de revistas e jornais que pautam assuntos da “atualidade”, ou que listam rankings com os livros mais vendidos, criam um hábito de leitura no pessoal mais “novo”. Uma leitura que acontece pela identificação assunto/leitor. Apesar da falta de incentivo da leitura desde a infância, os jovens hoje lêem mais.
A pergunta da tese tem que ser reformulada: Os jovens hoje lêem mais, mas será que vale a pena ler o que eles lêem?